Tratamento Intensivo
Clínica ConectaKids
Estudo sobre a eficiência da
Intervenção Comportamental Intensiva (ICI)
A literatura considera como Intervenção Comportamental Intensiva (ICI) os modelos de intervenção caraterizados por estimulação individualizada (um educador para uma criança com autismo), realizados por muitas horas semanais (de 15 a 40 horas), por pelo menos dois anos consecutivos, que abrangem várias áreas do desenvolvimento simultaneamente e que são fundamentados em princípios de Análise do Comportamento
É importante mencionar que esse tipo de intervenção apresenta melhores resultados quando é realizada precocemente (com início até os 4 anos), quando programa condições para garantir a generalização das habilidades aprendidas (para outros ambientes, pessoas ou situações) e quando conta com a participação dos pais
O primeiro estudo sobre ICI aplicada ao tratamento do autismo foi publicado na década de 1980 (Lovaas, 1987) e descreveu o trabalho desenvolvido no projeto intitulado Early Intervention Project (EIP).
Três grupos de crianças com autismo, que tinham idades abaixo de 4 anos no início do estudo, foram avaliados.
O grupo experimental, composto por 19 crianças, foi exposto à ICI, com um educador para cada criança, por 40 horas semanais ou mais, por dois ou mais anos consecutivos. O tratamento consistiu, basicamente, no ensino simultâneo de habilidades em diversas áreas (e.g., comunicação, interação social, imitação, autocuidados) visando melhorar o desenvolvimento das crianças.
Um grupo controle, composto por 19 crianças, recebeu intervenção comportamental mínima, por 10 horas semanais ou menos.
Um Segundo grupo controle era composto por 21 participantes que foram tratados em outros centros de atendimento, os quais não realizavam intervenção comportamental ou outro tipo de intervenção intensiva e tampouco tinham contato com o projeto.
Os resultados indicaram que 47% das crianças expostas à ICI tiveram redução significativa dos sintomas de autismo, apresentando desenvolvimento próximo ao esperado para a idade cronológica (próximo ao de uma criança típica, sem autismo); 42% tiveram uma redução acentuada dos sintomas e 11% continuaram com sintomas graves de autismo.
Ou seja, aproximadamente 90% das crianças do grupo experimental apresentaram melhora no desenvolvimento e metade das crianças apresentou desenvolvimento próximo ao típico.
Em estudo subsequente, realizado quando as crianças tinham aproximadamente 12 anos, constatou-se a manutenção desses resultados
Já as crianças do grupo controle que receberam intervenção comportamental mínima obtiveram resultados muito diferentes: 2% apresentaram desenvolvimento próximo ao típico, 45% tiveram uma redução dos sintomas e 53% continuaram com sintomas graves de autismo. As crianças do outro grupo controle, tratadas em outros centros de atendimento, também apresentaram resultados muito aquém dos obtidos pelas crianças do grupo experimental.
Fonte: https://www.scielo.br/j/ptp/a/VYGp5KQGdpsTHPj8LpHNdBM/
Quantas horas por semana deve-se fazer de ABA?
Quando se trata de terapia comportamental aplicada (ABA - Applied Behavior Analysis), uma das perguntas mais comuns é: quantas horas por semana se deve dedicar a essa intervenção? Embora não haja uma resposta única e definitiva para essa pergunta, existem diretrizes gerais que podem ajudar a orientar a tomada de decisão.
A ABA é conhecida por seu caráter intensivo e sistemático. Tradicionalmente, recomenda-se uma carga horária significativa para maximizar os benefícios da terapia. No entanto, a quantidade de horas pode variar dependendo das necessidades individuais da pessoa em tratamento. Além disso, é importante levar em consideração fatores como idade, gravidade dos sintomas e disponibilidade de recursos.
Para crianças em idade pré-escolar, é sugerido que a terapia ABA seja realizada 40 horas por semana. Isso ocorre porque nessa fase do desenvolvimento, as crianças estão mais receptivas à aprendizagem e têm maior capacidade de absorver informações. O objetivo é proporcionar um ambiente estruturado e intensivo para promover a aquisição de habilidades importantes.
À medida que as crianças crescem e ingressam na idade escolar, a quantidade de horas pode ser reduzida para cerca de 10 a 20 horas por semana. Isso permite que eles tenham tempo para se envolver em outras atividades, como a escola regular e interações sociais com colegas.
É importante ressaltar que a ABA não se limita a uma única modalidade de intervenção. Pode ser implementada em diferentes ambientes, como clínicas, escolas e em casa, por meio de terapeutas certificados, pais ou cuidadores treinados. A flexibilidade da ABA permite que ela seja adaptada às necessidades e circunstâncias específicas de cada indivíduo.
Além das horas dedicadas diretamente à terapia ABA, é fundamental considerar a consistência e a continuidade. A consistência refere-se à frequência regular das sessões, enquanto a continuidade diz respeito à manutenção do tratamento ao longo do tempo. Ambos os fatores são importantes para obter resultados positivos.
Outro aspecto relevante é o equilíbrio entre a terapia ABA e outras atividades da vida diária. É essencial que a criança tenha tempo para brincar, interagir socialmente, realizar atividades recreativas e descansar. O objetivo é garantir um desenvolvimento saudável e abrangente, sem sobrecarregar a criança com uma carga excessiva de terapia.
Por fim, é crucial lembrar que a terapia ABA é apenas uma parte de um plano abrangente de tratamento para pessoas com TEA ou outros distúrbios. Ela deve ser complementada por outras intervenções, como terapia ocupacional, fonoaudiologia, apoio educacional e suporte psicossocial. Uma abordagem transdisciplinar, precoce, intensiva é fundamental para promover o desenvolvimento holístico e maximizar os resultados.
O objetivo final é promover o desenvolvimento e a qualidade de vida da pessoa em tratamento, permitindo que ela alcance todo o seu potencial e autonomia.
A Clínica Conecta Kids está preparada para atender pacientes que necessitam de Intervenção Comportamental Intensiva